Pessoas que Amam Demais

Está no nosso âmago, nas nossas mais intrínsecas necessidades amar e sermos amados, pertencer e sermos pertencidos, é uma necessidade biológica e até de sobrevivência diria.

Relacionamentos são paradoxais e ambivalentes para a maioria de nós, ora são agradáveis e prazerosos, ora são fontes de desesperos e angústias.

É um tanto quanto curioso que quando estamos vivendo uma relação onde há reciprocidade, parceria e confiança, despertará sensações maravilhosas, de encantamento com nossa vida em geral, tendemos a ficar mais animados e motivados, enxergando tudo com mais cor, vida e aroma.

Por outro lado, quando estamos enamorando alguém egoísta, controlador, ciumento, abusador, despertará sensações de mágoa, solidão e tristeza.

Se entregar a paixão e ao amor, é um verdadeiro ato de coragem, pois é uma das únicas coisas da vida, onde mais ficamos vulneráveis e expostos, mas para que essa entrega aconteça, é preciso disponibilidade afetiva, doar-se, se permitir, se autorizar á adentrar no coração do outro e deixar o outro entrar no nosso.

Acredito que o maior segredo das pessoas que tem uma vida virtuosa e feliz é que elas optam pelo equilíbrio, não beiram na escassez e muito menos ao excesso, e isso se aplica também para o amor.

Algumas pessoas  terão dificuldades em se vincular, em criar conexões, intimidades, afeições, e provavelmente elas ou optaram em não se relacionarem ou terão relações superficiais e rasas. 

Opostas a estas, existem pessoas que parecem que nasceram para amar, entregam-se com facilidade e muita habilidade, vivem profundamente e intensamente em prol do amor.

Numa parceria feliz existe um constante dar e receber, relações saudáveis envolvem reciprocidade e certo equilíbrio. Fala-se muito sobre a falta e ausência de amor, mas o que pensar e ponderar sobre as pessoas que dependem de ter alguém para amar e só assim se sentirem vivas e felizes?

Nenhum amor é incondicional, exceto para as pessoas dependentes, elas acreditam que para sentir algo, como felicidade, valor, cuidado e amparo é dado pelo outro, por esse motivo as pessoas dependentes sentem-se presas e enfeitiçadas a relação. Posso te garantir, isso é tudo, menos romântico.

O termo dependência se refere ao grau que uma pessoa se apoia e confia no outro para sua existência, dependência em geral, atribui-se à submissão de outra pessoa. 

É quando buscamos no outro, nossa única fonte de felicidade, de realização, e pior ainda, quando procuramos no outro nos sentirmos saciados e completos, é precisar ter algo de alguém para se sentir.

Você acredita que para se sentir feliz, seguro, valoroso, especial, importante necessita de uma outra pessoa? Se sim, esse texto é para você.

Pessoas que são dependentes emocionais, sentem-se vulneráveis, inseguras e indecisas na vida em geral, querem não só a companhia do outro para que assim se sintam amados, mas também a opinião do outro para aconselhar sobre o corte de cabelo, se aceita ou recusa uma vaga de emprego, que roupa usar, que perfume comprar, que amigas ter, ou seja, carecem de direção e consentimento do parceiro.

Se sentir dependente de alguém, pode cegar as pessoas, que no fundo são apenas almas sedentas de amor e afeição, mas infelizmente podem tropeçar em areia movediça e caírem nos braços e lábios de alguns falsos amor.

Não é incomum, que essas pessoas se submeterem em relações falidas, medíocres, pequenas. Elas não rompem com o outro, mesmo em meio a torturas e feridas emocionais, pois acreditam que vão se sucumbidas se estiverem sozinhas, solidão esta que é um verdadeiro pesadelo.

O medo de se depararem e notarem que não tem alguém olhando, cuidando e amando, despertam pânico e pavor, por que no fundo elas acreditam que não dão conta de cuidarem de si mesmas.

Desejar o outro de forma incondicional, é um preço altíssimo para se pagar, e pela minha experiência profissional, muitas vezes isso nunca compensará, é uma verdadeira armadilha e boicote para sua real felicidade.

A regra básica para nossa entrega, dedicação, comprometimento, é quando há reciprocidade, e isso é incontestável. Permanecer em relações boas e gostosas é compreensível, mas, se for relações ruins e disfuncionais é doença.

Posso imaginar que pessoas que acreditam funcionar e viver com o apoio e cuidado do outro, devem carregar consigo suas angústias e desprazeres.

São atormentadas pelo medo do abandono. Quando não, barganham a atenção e companhia do outro, nem que para isso, precisam participar de atividades que detestam 

Não é raro que também, optam em pela passividade, engolem o que pensam e se calam, mesmo em situações que veem algo de errado, vivem em constante alerta para não deixarem escapar nenhuma contradição do parceiro.

Concluo então, que pessoas dependentes sofrem constantemente e te todas as formas, não só para terem alguém, mas para manterem alguém a qualquer custo na vida delas, para sempre.

Como saber se você é dependente?

A característica mais marcante da dependência se resume a uma necessidade exagerada de ser cuidado pelo outro, se tornando completamente submissa e apegada a sua relação, além de:

  • Ter dificuldades em tomar decisões cotidianas por conta própria.
  • precisa que o outro assuma responsabilidade pela maior parte das principais áreas da sua vida.
  • ter dificuldades em expressar uma opinião oposta ao outro, por medo de perder apoio ou aprovação.
  • ter dificuldades em iniciar projetos ou fazer coisas novas por conta própria (isso ocorre a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou energia).
  • ir a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis.
  • sentir-se desconfortável ou desamparado quando está sozinho devido a medo por se sentir incapaz de cuidar de si.
  • buscar com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo.
  • ter preocupações irreais com medos de ser abandonado á própria sorte.

Quando o parceiro está distante (seja física ou emocionalmente) ou quando detecta possível ameaça de abandono, como rompimento da relação, podem ocorrer: insônia, taquicardia e tensão muscular.

É dedicado muito tempo para controlar as atividades do parceiro, abandonando as próprias atividades que antes possuía interesse e valorizava. Como essa pessoa passa a viver em função dos interesses da parceria amorosa, as atividades propiciadoras da realização pessoal e desenvolvimento profissional são deixadas de lado.

O amar em excesso se expressa pelo comportamento de só pensar no outro, no cuidado exagerado e na necessidade de amor e atenção ao parceiro, às vezes se caracterizando como vício no parceiro. 

Dependência afetiva faz adoecer, incapacita, desagrada, deprime, gera estresse, assusta, cansa, desgasta e, finalmente, acaba com todo resquício de humanidade possível.

O que fazer?

Olhar  para nosso interior, e encarar o que nos é revelado é o primeiro passo, compreendo perfeitamente que ninguém escolhe ser dependente, nossas experiências de vida, nossa infância, nossos pais, amigos, professores, contribuírem para a maneira como encaramos a vida e até nós menos.

Olhar para dentro de nós, e descobrir verdadeiramente quais são as nossas forças e potencialidades, é um bom caminho.

Todos nós gostamos de conexão, de amor e carinho, mas as relações não é uma condição para nossa sobrevivência, somos capazes de cuidar de nós mesmo, temos todos os recursos para isso.

Com a maturidade descobrimos que somos autônomos, que temos total capacidade de tomarmos nossas próprias decisões, desejar um conselho não é de todo mal, mas não conseguir decidir sem uma orientação, não é saudável.

Temos sim que desenvolver nossa autoconfiança, sobre nossa capacidade de viver a vida do jeito que realmente queremos, sem a aprovação, conselhos e consentimentos externos.

Não nascemos confiantes e nem com autoestima, isso nos é ensinado, quando não, temos que exercer quando adultos, vem com a prática, quando nos arriscamos e desbravamos, só assim, dia após dia, percebendo aos poucos, com paciência e complacência de nós mesmo, que vamos entendendo que somos mais fortes, inteligentes e resistentes do que imaginamos,

Acredito que a grande questão não é sermos pessoas totalmente resolvidas, podemos sim ter partes de que nos falta, podemos sim querer coisas que acreditamos que merecemos e não nos foram dados, podemos reivindicar por nossos desejos e sensações mais profundas, mas buscar tudo isso lá fora só deixará você cansado e frustrado, porque na verdade, o que você busca está ai, dentro de você mesmo.

Defendo a ideia que para as pessoas vivenciarem relações saudáveis elas devem buscar o equilíbrio.

Nossa vida e nossa felicidade não pode ficar à mercê da presença do outro nela. O outro não pode ser nosso ponto de fortaleza, de cuidado e amparo. Nós temos que nos oferecer tudo isso a nós mesmo.

Nenhuma relação, seja de, namoro, noivado e casamento, existe a total segurança de que o outro para sempre ao seu lado ficará, são inúmeros fatores que podem levar ao rompimento, o amor por si só nunca será o bastante para unir duas pessoas, por que mesmo que haja amor, não é garantia que não existirá traição, rancor, decepção, solidão, mágoa, doença e nem morte. Esta segurança é ilusória.

Esteja com o outro porque a companhia a muito lhe agrada, esteja com o outro porque ele te faz se sentir bem, esteja com o outro para compartilhar sua vida e sua felicidade. 

E não porque dele precisa e necessita, e não porque sem ele sua vida fica um completo vazio, sem sentido e sem-graça, não, não somos metade de ninguém, não somos a panela e muito menos a metade da laranja. Somos seres completos que se quisermos nos envolveremos com outras pessoas completas. Amar envolve liberdade e autonomia.

A vida a dois, é um ideal de todos nós e sim é uma das nossas áreas importantes, mas, não a única. Queira sim se aventurar no amor, ser amado, mas também seja você apaixonado pela sua vida e por quem você é.

Se eu vivo exclusivamente para meu companheiro, se reduzo todas as minhas opções de alegria e felicidade a essa relação, destruo possibilidades em outras áreas que também são importantes para meu crescimento interior.

Dependência emocional é uma doença, e a cura está no amor próprio, irônico e complexo, por que pessoas que amam demais as outras, não conseguem amar a si mesmas. Busque ajuda se possível.

Com amor 🤍

Ana Paula de Andrade, Psicóloga.

Olá, sou a Ana Paula 😊. Sou psicóloga, minha paixão é ajudar as pessoas a serem felizes no amor, compreendo que ás vezes nossas relações podem tornarem-se complicadas, difíceis e nos machucar. 

Meu objetivo é inspirar você a ser realizado afetivamente e construir uma relação leve, prazerosa e gostosa. 👩‍❤️‍💋‍👩

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