Dave e Brenda foram de carro até o hospital para o nascimento do seu filho. No caminho, Dave parou na farmácia para comprar aspirina, prevendo que ele poderia sentir dor de cabeça. Brenda Interpretou a decisão de Dave de parar na farmácia como maior preocupação em satisfazer suas necessidades do que chegar a tempo com ela no hospital.

A principal preocupação de Dave era com a possibilidade de sentir dor de cabeça e não conseguir se concentrar. Queria evitar sair do lado de sua esposa enquanto ela estivesse dando à luz.

Apesar de suas explicações, Brenda se ateve à sua própria interpretação de que a necessidade de parar na farmácia como egoísta, o que se tratava de uma interpretação tendenciosa e acabou os perseguindo durante anos em seu casamento.

Na verdade, toda vez que Brenda acusava Dave de ser egoísta, ela se referia ao nascimento de seu primeiro filho e ao desejo de Dave de “cuidar de suas próprias necessidades como um ponto de referência”. Essa provocação acabou se tornando um tema doloroso e prejudicou a lembrança do nascimento de seu primeiro filho. O evento desencadeou emoções fortes e desdenhosas tanto em Dave quanto em Brenda, que terminaram chegando ao ponto de separação.

Quais lições podemos tirar desse casal?

Será que de alguma forma essa história pode parecer de algum modo com o nosso relacionamento? Será que julgamos o comportamento do nosso cônjuge pelo que consideremos certo para aquele momento? Ou de repente, fomos mal interpretados por termos agindo diferente do que o outro gostaria?

Brenda e Dave não conseguiram concordar sobre o que aconteceu, cada um teve sua própria percepção (interpretação) do ocorrido, isso também acontece com você? Já chegou em um ponto onde vocês contam sobre o mesmo evento em versões diferentes?

Todos carregamos percepções sobre as pessoas ao nosso redor e sobre a vida, e são justamente essas percepções que irá influenciar como iremos enxergar, interagir (se relacionar), lidar e até mesmo cuidar, daqueles que amamos, ou seja, ela é a base de quase tudo.

Toda vez que ocorria um evento importante, Brenda previa que Dave estaria concentrado em suas próprias necessidades, acima das de qualquer outra pessoa e, por isso, procurava encontrar falhas nas ações dele, optando por interpretá-las como egoístas, e essa percepção julgada como (egoísta), influenciou ela a ignorar ou não enxergar muito atos bons dele (como solidário).

A qualidade da nossa relação está relacionada também a forma como percebemos nossos cônjuges, então eu te pergunto, como você tem enxergado a pessoa que escolheu se relacionar?

Proponho que você seja um pouco cauteloso em criar as percepções do outro, pois como vimos no exemplo a cima, podemos julgar a ação de uma pessoa de forma equivocada, e até errada eu diria, e pior ainda, carregar essa percepção durante toda a relação. Umas das dicas que posso deixar com você é, questione-se.

Será que existe uma outra explicação alternativa, para o que estou pensando, por exemplo, além de achar que outro é egoísta, existe uma outra possibilidade que o levou a agir daquele modo?

Ele sempre age dessa forma, ou foi um comportamento atípico?

Da onde tirei que o outro egoísta, tenho “provas” que apoiem essa minha ideia? Ou seja, lembro-me de outras vezes que também o considerei egoísta?

Quais são as vantagens de pensar que meu parceiro é egoísta?

Que conselho você diria para um amigo, que acha que sua parceria amorosa é egoísta?

Refletir sobre como percebe o outro, levará a ter visões mais equilibradas, e são justamente essas visões e julgamentos que irão impactar o percurso da relação.

Com muito amor e carinho

Ana Paula de Andrade, Psicóloga.