Quem ama, sente ciúmes?

Ciúme é uma prova de amor? Todas as pessoas que amam, sentem ciúmes?


É uma condição básica do amor? Ou só sente, quem ama demais?

Acredito que não tenha uma única resposta, para cada um de nós.


O ciúme pode significar e representar coisas diferentes e até opostas.

Para algumas pessoas, ele é o termômetro do amor, “Só o ciúme me faz saber se estou apaixonada”. 


“Amor sem pitada de ciúme nem é grande nem verdadeiro. 

Para outros, ele pode ser um veneno, “O ciúme é o pior dos monstros criados pela imaginação”. 


“Não pode florescer ternura onde cresce o ciúme”.

Para o cantor Roberto Carlos, ele romantiza esse sentimento, como algo que é esperado nas relações amorosas, em sua canção “ciúme de você”, ele declara…..


“Entenda que o meu coração tem amor demais, meu bem, e essa é a razão do meu ciúme, ciúme de você”….

Amor e ciúme, em algumas medidas, parecem andarem juntos. Mas será que, podemos ter a certeza do afeto e carinho de alguém, só quando sentem ciúmes de nós? Ou só sentem ciúmes, quando nos ama demais?

O ciúme é um sentimento, que está relacionado ao receio, medo ou em alguns casos, pavor, de perder alguém especial.

É natural que quando gostamos de alguém, possuirmos uma certa preocupação de perdê-la.

Todos nós criamos expectativas e alimentamos o desejo de manter a pessoa que tanto adoramos em nossa vida.

É compreensível querer o outro um pouquinho mais para si. Digamos, que ter ciúme é uma característica humana.

 

Ciúme na medida certa é considerado como forma de demonstrar zelo e cuidado, para com o outro.  

Então, nesse caso ele é visto de forma positiva, mas enfatizo, na medida certa.

 

De forma simples e clara, o ciúme é basicamente, quando nos sentimos ameaçados por uma terceira pessoa, e essa sensação, pode ser baseado em algum acontecimento real, ou apenas ser fruto da nossa imaginação.

 

Culturalmente, o ciúme é visto com bons olhos, e em algumas situações, ele é esperado e até cobrado. 

Por exemplo, se um homem presenciar sua esposa flertando com um desconhecido, e não sentir ciúme, no mínimo, acharíamos estranho, pensaríamos que talvez ele não se importa e não a ama.

Nesse caso, não sentir ciúmes, seria visto com maus olhos, nos soaria diferente.

Mas, particularmente penso que, associar o amor a presença do ciúme é um caminho perigoso.

Pois, os ciumentos de plantão, dificilmente conseguem construir relações leves, raramente deixarão o outro livre. 

Movidos por desconfiança e suspeitas, eles tendem a controlar o outro, e por vezes não permitem a autonomia do parceiro. 


Tem dificuldades em permitir coisas, atividades, amigos, onde possam se sentir ameaçados.

Penso eu, que não seria interessante medir o amor do outro, ou a intensidade desse sentimento, por ele sentir menos ou mais ciúmes. 

Acho que podemos nos sentir amados de outras formas, sem nos deixar por cobrar e esperar do outro um sentimento, que no fundo, pode causar mal-estar, noites mal dormidas e muita angústia, para quem sente.

Ter a sensação de que em algum momento irá ser traído e enganado pelo parceiro, é no mínimo torturante, é doloroso, é sofrido, é sem sombras de dúvidas, umas das maiores inquietações da vida amorosa. Só quem tem, sabe o quão ruim é.

O segredo dos relacionamentos felizes e leves, é com certeza pautado na confiança.

 

Confiar, não é só acreditar na fidelidade do outro, para com a relação, a história e no amor de vocês.

Quando ofereço minha confiança ao meu parceiro, confio para dividir minha vida, sinto que ele vai me estender a mão quando eu precisar, que vai me dar força quando necessitar me levantar. 

Se não confio, não irei contar com aquela pessoa. A confiança, é um sentimento fundamental na relação.


Quando suspeitamos de alguém quem amamos, estamos também desconfiando, da escolha que fizemos ao decidirmos com quem partilhar a vida.

A ideia central que gostaria de marcar nesse texto é, que sim, o ciúme é natural e até esperado, mas, quando sentido de forma intensa, ele pode ser prejudicial e corrosivo para qualquer relação.

A grande questão, não é, sentir ou não, e sim, em que medida se sente.

O perigo do ciúme em excesso

O excesso é medido pela quantidade de tempo e a frequência em que você pensa e especula, sobre possíveis traições.

Supor que poderá ser enganado, trocado, é aterrorizante, é de embrulhar o estômago.

Esses pensamentos são frequentes, e com eles, você sente-se angustiado, preocupado, incomodado. 

É como se você não pudesse controlar esses pensamentos, quando menos se espera, eles estão aí, te atormentando, tirando sua paz, te assombrando, azucrinando.

O sentimento que parece descrever bem, é o medo, o medo de perder quem tanto ama, medo de ser trocado, medo de ser passado por trouxa e tolo, medo ser rejeitado, medo de ser esquecido, medo de não ser suficiente….

Com esses turbilhões de receios e pensamentos, ficamos tão assustados, apavorados, que fazemos tudo que acreditamos para garantir a presença e a fidelidade do outro.

O desejo de manter a pessoa amada, nos faz cair em algumas ciladas, como monitorar de pertinho a vida do parceiro, com a falsa sensação de que estamos no controle.

É natural que nessa fase, cobramos satisfações e explicações sobre a agenda do outro.

Quem se sente ameaçado e inseguro, por vezes se torna hostil e agressivo.

Quem se sente amedrontado, dificilmente será gentil, amoroso e carinhoso.

E como efeito colateral,  acabamos afastando que tanto queríamos por perto. 

O outro se distancia, por que, ninguém gosta de ser podado, ninguém gosta de sentir que está perdendo sua liberdade, sua autonomia. Ninguém gosta de ser cobrado, vigiado, e indigno de  confiança. Ninguém gostar de sentir que sua vida está sendo controlada, de que está na mão do outro. 

Por isso, a relação fica cada vez mais pesada, vou destruindo aos poucos a relação, ela vai murchando, perdendo sua cor, seu aroma, sua vida, beirando ao insustentável.

O perigo do ciumento, é que ele fica tão obcecado em não ser traído, que acaba por deixar de cuidar do seu xodozinho, não nutre bons momentos, não alimenta o amor, não tem carinho e aconchego, o zelo fica para trás.

O paradoxo, dessa questão é, por medo de perder o amor da nossa vida, nos comportamos de modo, que em vez de deixar a relação mais leve, prazerosa, criando motivos para a permanência da outra pessoa, acabamos sufocando-a, prendendo-a, limitando-a, controlando-a. 


A falta de zelo e o excesso de ciúme, provoca o que mais temíamos.

Que tipo de mensagem eu passo para meu parceiro, quando me sinto tão insegura?


Quando tenho a sensação que a qualquer momento ele pode se esbarrar em alguém mais agradável, inteligente e atraente?

Já parou para pensar, que recado oculto estamos enviando? 

Se você avalia que seu ciúmes está atrapalhando sua relação, continue lendo, que vou te mostrar 4 passos para diminuí-la.

1- Descubra o que te atormenta

Pergunte-se qual seu maior medo, quando o assunto é ciúme?

Refletir sobre seus reais receios, é importante para você saber, sobre o que realmente está tentando evitar, e assim buscar melhores caminhos para lidar com seus mais profundos medos.

E reflita se sua relação comporta seus valores.

2 - Aumente seu amor próprio

É inegável, que existe uma relação direta sobre segurança e autoestima.

Se você não leu meu texto sobre como aprender a se amar, sugiro que leia 🤪

Quando sabemos quem exatamente somos, e gostamos de quem somos, enxergamos nossas mais belas e nobres qualidades.


Quando aceitamos os nossos pontos fracos, e nos vemos como esse ser inteiro, aprendemos a nos amar.

Quando aprendemos nos amar, conseguimos nos sentir mais seguros, não só no relacionamento, mas também na vida.

Quando nos amamos, sabemos do valor que possuímos, não temos medo de sermos trocados, esquecidos, deixado para trás.

Quando nos amamos, não nos sentimos humilhados ou inferiorizados se por ventura não somos “bons o bastante para o outro”.

Quando nos amamos, não temos medo de sermos traídos, por sabermos que isso não significa algo sobre nós, e sim sobre o outro.

Quando sabemos nossos devidos valores, nos tornamos mais autoconfiantes.

A autoestima está intensamente relacionada com nosso grau de segurança.

3 - No que você acredita?

Cuidado com suas crenças, se você acredita que as pessoas não são dignas de confiança, que é quase impossível encontrar alguém realmente fiel.

Ou se de repente, carrega consigo, alguns estigmas como, “homem não presta”. Ou, “mulheres são putas”.


Dificilmente você conseguirá confiar no seu parceiro e ser menos ciumento.

Ter crenças equilibradas e positivas, são fundamentais, quando o assunto é relacionamento.

4 - Ofereça uma boa morada para seu amor

Seria vital focarmos nossa energia e concentração naquilo que realmente temos controle.

 

Quando enxergamos que metade do bem estar da relação depende de nós, e oferecermos antes de cobrarmos, doarmos antes de pedirmos, a relação fica mais fluida e gostosa.

 

Dê com abundância tudo aquilo que você considera que quem ama dá.

 

Seja uma morada tão agradável e amorosa, gentil, companheira. Isso consequentemente te deixará mais seguro, pois você se sentirá que é um bom parceiro e um bom abrigo para seu amor.

 

Seja aquilo que você deseja, confie na pessoa que você escolheu, se ame, e lembre-se, sentir um pouco de ciúme, é natural e compreensível.

 

Mas, se porventura, você esteja com uma pessoa, na qual os valores dela não são compatíveis com o seu, onde não há fidelidade, cabe boas doses de reflexão do quanto vale a pena essa relação.

 

Traições existem, muito mais, do que gostaríamos ou desejaríamos, isso é inegável, e não tive a pretensão de não levar isso em consideração. 

 

Meu objetivo, foi apresentar uma reflexão, onde o ciúme em excesso, pode arruinar uma relação, e eles por vezes existem, onde não há motivos reais e palpáveis.

 

Pense nisso

 

Com amor

Ana Paula de Andrade, Psicóloga.

Prazer, sou a Ana

Sou psicóloga clínica e fascinada pelo ser humano, pelas suas potencialidades, virtudes e forças. Nascemos com alguns propósitos, e um deles é sermos felizes. Inspiro as pessoas a terem uma vida virtuosa, onde elas tenham sede de vida, que não se limitam a sobreviver, e que queiram reviver.

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